É difícil de aceitar mas verdade: você talvez enfrente desafios ao adaptar seu produto a um novo mercado. Suponhamos que você esteja introduzindo novos recursos ao seu produto. O objetivo desses recursos é beneficiar os usuários existentes. No entanto, os novos recursos exigirão que os usuários atuais mudem sua técnica para usar o produto corretamente. Acertar a interface de produto/usuário é um desafio. Então, como você saberá se os novos recursos são intuitivos ou se seus usuários serão capazes de se adaptar a eles?
Felizmente, esses desafios podem ser minimizados e até evitados quando testes regulares de usabilidade são realizados. Testes precoces podem agilizar o desenvolvimento e, quando repetidos, à medida que projetos e protótipos amadurecem, podem economizar tempo e dinheiro, impedindo caminhos errados na sua jornada. Porém, para colher essas vantagens, primeiro você precisa entender os diferentes projetos de teste de usabilidade e saber como e quando usá-los.
Os testes de usabilidade estão intimamente ligados ao estágio do produto IVD, ao seu público e ao seu contexto de uso. É um subconjunto de uma pesquisa de mercado, cujo foco é a funcionalidade do produto, com cronograma atrelado às decisões de desenvolvimento e lançamento. Os dois tipos básicos de projetos de teste de usabilidade incluem "testes formativos" e "testes somativos". Cada um deles tem um papel relevante único no processo de desenvolvimento de produtos.
Ao contrário da maioria das pesquisas de mercado, os testes de usabilidade se concentram mais no que os participantes fazem com o protótipo que naquilo que dizem a respeito dele. Se um usuário descreve um dispositivo como "fácil de usar", mas se observa que várias tentativas foram feitas para concluir um teste, ambos os pontos de dados — o comentário e comportamento — são importantes na avaliação do protótipo. Além disso, a oportunidade de observar as interações dos sujeitos realizando os testes com o protótipo é muito valiosa: é uma chance de ver como as experiências do usuário poderiam ser melhoradas e trazer a expertise da equipe de desenvolvimento para antecipar a solução certa, muito antes que um usuário do mundo real enfrente um problema.
O teste de usabilidade formativo permite a incorporação dos fatores humanos nos estágios mais iniciais do design e produção de um dispositivo médico. A experiência do usuário pode ter um tremendo impacto no desempenho de um produto. Identificar problemas de usabilidade precoce e frequentemente durante o processo de desenvolvimento pode revelar oportunidades de interceptar possíveis erros do usuário antes que ocorram.
Elaborar um teste de usabilidade formativo eficaz requer um entendimento claro sobre as principais perguntas ainda sem resposta sobre o uso do produto (por exemplo, a preparação de amostras ou o carregamento são motivos de preocupação, ou a geração de resultados parece mais problemática?). Se houver duas maneiras diferentes de enfrentar um desafio específico, um teste de usabilidade pode permitir que você observe o relativo sucesso e o conforto do usuário com ambas as opções.
Como em qualquer avaliação científica, comece levantando uma hipótese a ser testada, por exemplo, "o carregamento de amostras pode ser concluído em oito segundos ou menos" ou "o resultado gerado será lido ou registrado com precisão pelo usuário 10 vezes em 10". Uma hipótese específica é útil, independentemente do fato de um ou dois protótipos estarem sob avaliação, e pode ser particularmente reveladora em uma comparação lado a lado (teste A/B).
O teste de usabilidade somativo é o equivalente à pesquisa quantitativa focada na funcionalidade do produto. O teste de usabilidade somativo é uma avaliação consolidada da eficácia, eficiência e satisfação do produto final. Ele avalia se a versão final do produto atende a todos os requisitos de produto e é realizado após testes de usabilidade formativos identificarem e sanarem problemas.
Os requisitos principais da usabilidade de um produto se relacionam às tarefas específicas realizadas com ele e podem ser avaliados em vários cenários de uso e/ou envolvendo mais de um tipo de usuário. Uma variedade de características de uso é normalmente avaliada, incluindo taxas de erro, tempo para completar tarefas e a satisfação geral do cliente. Em contraste com os testes formativos de usabilidade, que se concentram na descoberta de problemas específicos de design, o teste de usabilidade somativo envolve uma avaliação geral do produto em relação às expectativas de desempenho específicas e definidas.
Quando você deve realizar cada teste?
Para testes de usabilidade formativos, comece assim que você tiver um protótipo que permita que alguém use as funções do produto em questão. Para um novo produto ou linha, as escolhas iniciais de design definem a direção para o resto do processo de desenvolvimento. Para definir as prioridades certas logo no início, comece com testes de usabilidade formativos. As percepções geradas identificarão a maneira ideal de converter sua invenção em um produto que atenderá com sucesso às necessidades de um cliente.
O teste somativo ocorre no final do processo de desenvolvimento do seu produto. Como o nome indica, ele confirma o valor da soma de seus esforços. Você passou por vários ciclos de criação de um protótipo, testando as funções dele com os usuários, melhorando a usabilidade e, em seguida, repetindo o teste formativo com outro pequeno grupo de usuários. O processo do teste formativo é concluído quando os usuários mostram um êxito consistente ao usar seu produto: problemas previamente identificados são resolvidos e nenhum novo é descoberto. Agora você tem um produto final para os testes somativos.
Com que frequência os testes formativos são feitos?
Os testes formativos são mais eficazes quando feitos de maneira iterativa, economizando tempo e dinheiro, mantendo o foco do trabalho de desenvolvimento nas abordagens mais promissoras. No entanto, os testes de usabilidade formativos não precisam ser caros: nos estágios iniciais, frequentemente, o número de usuários envolvidos em uma sessão não passa de cinco. Trata-se de uma pesquisa qualitativa destinada a apontar problemas e percorrer vários ciclos de identificação e correção de lacunas no design que possam limitar o sucesso do produto.
Por sua vez, o teste somativo é uma pesquisa quantitativa. O produto utilizado nessa etapa está em sua forma final, com os problemas conhecidos resolvidos; o número de usuários aumenta para pelo menos quinze, para obter resultados estatisticamente significativos. Esses são os pontos de dados compartilhados com os investidores, representantes de vendas e clientes para demonstrar que o produto final corresponde às expectativas de desempenho e para garantir a essas partes interessadas que ele oferecerá uma experiência satisfatória nas mãos dos usuários típicos.
Como isso é feito?
As principais etapas do processo para testes formativos e somativos incluem:
• Identificar o público-alvo de usuários e encontrar participantes
• Planejar o teste
o Definir metas
o Descrever a interação desejada do participante com o protótipo
o Elaborar a introdução e as instruções para os participantes
o Detalhar as tarefas a serem realizadas pelos participantes
o Realizar um teste piloto com antecedência para testar a clareza e a completude dos materiais descritos
• Planejar a documentação das observações
• Realizar testes, observar e ouvir
• Preparar a documentação; apresentar resultados às partes interessadas
• Identificar aprendizados para a equipe de desenvolvimento; metas prováveis para a próxima iteração de testes
Em testes formativos, esse processo pode começar assim que você tiver um protótipo funcional. O processo somativo pode começar quando você tiver um produto final.
Testes formativos também tendem a ser mais informais e interativos do que os somativos, para maximizar o potencial de obtenção de feedback dos usuários sobre o design. Em testes somativos, cujo objetivo é uma sólida base estatística, as sessões de teste são mais uniformes e formais.
"Como obter sucesso nos testes de usabilidade?"
Você pode realizar seus próprios testes de usabilidade: muitos desenvolvedores de produtos fazem isso. Os desenvolvedores de produtos geralmente realizam testes informais de usabilidade com seus protótipos (ou simulações deles) para identificar problemas potenciais. No entanto, não há substituto para os testes formais de usabilidade: é essencial gerar avaliações objetivas que representem a experiência dos usuários do mundo real e isso envolve participantes externos.
Para isso, a maioria das empresas busca auxílio de profissionais dedicados que, além da experiência especializada, fornecem as instalações, para que os melhores resultados sejam alcançados. Essas empresas oferecem:
• Expertise em testes de usabilidade: uma equipe em tempo integral dedicada à realização de testes de usabilidade responsável por testes em vários produtos e dezenas de tipos de usuários; conhecimento sobre o protocolo de um teste de usabilidade bem-sucedido, como desenvolvê-lo e como executá-lo.
• Elaboração conjunta de protocolos de teste: parceria com seus clientes nas especificações completas de protocolos de teste de usabilidade, tanto os formativos quanto os somativos. Uma vez que um cliente tenha traçado suas metas para o estudo, o provedor trabalha com ele na organização processual, requisitos do usuário — incluindo o tipo de cliente e nível de experiência — e a configuração de protótipos no laboratório para combinar cenários apropriados de uso.
• Recrutamento interno de sujeitos de teste: recrutando pessoalmente e examinando cada participante do teste, combinando-os com requisitos de usuário muito específicos. Atenção à experiência do processo para atrair usuários de alta qualidade genuinamente interessados em experimentar o produto e fornecer feedback (ou seja, evitar aqueles que apenas buscam uma compensação por seu tempo).
• Desenvolvimento de produtos e experiência em pesquisa clínica: ter experiência real no desenvolvimento de produtos próprios. Algumas empresas possuem instalações de desenvolvimento de produtos em suas próprias unidades, além de contarem com uma organização de pesquisa clínica e regulatória que trabalha no mesmo local que a equipe de testes de usabilidade. Essa experiência permite que a empresa antecipe de forma abrangente preocupações e desafios antes que ocorram.
• Laboratório de testes de usabilidade em grande escala: um laboratório eficaz de testes de usabilidade deve contar com uma instalação de observação dedicada para observadores e clientes assistirem e ouvirem em tempo real, através de espelhos unidirecionais e sistemas de monitoramento de câmeras.
Em última análise, o desenvolvimento bem-sucedido de um produto requer experimentos de teste de usabilidade. Estes vão desde testes preliminares formativos de usabilidade, orientados por hipóteses e que concentram o foco nos problemas de design e funções-chave do produto, até os testes finais somativos de usabilidade da versão de mercado do produto, feitos em relação às expectativas consolidadas de desempenho.
O engajamento inicial com os testes de usabilidade e o ciclo iterativo de "identificar e corrigir" pode reduzir o tempo e as despesas do desenvolvimento, enquanto melhoram o ajuste geral do mercado com base em evidências de alta qualidade de aceitação do usuário final. Quando aproveitados corretamente, os testes de usabilidade podem ajudar a garantir que seu design esteja no caminho certo para oferecer uma maior satisfação do usuário e aceitação bem-sucedida no mercado.